Agentes Comunitários de Saúde e Educação Popular: das organizações educativas de base à institucionalização dos serviços
Community health agents and popular education: from grassroots educational organizations to the institutionalization of services.
Palavras-chave:
Educação Popular, Agentes Comunitários de Saúde, institucionalização, educador em saúde.Resumo
O artigo problematiza, em um percurso histórico, o surgimento dos Agentes Comunitários de Saúde – ACS no Brasil, entre as décadas de 1960 e 1990. São considerados os passos iniciais das organizações de base, como experiências de educação popular, até sua institucionalização pelo Ministério da Saúde. Através de pesquisa bibliográfica, observou-se que, no contexto político delimitado, fortaleceram-se os setores populares e foram valorizadas as experiências locais de educação popular e educação em saúde. No âmbito institucional, três experiências foram destacadas: a de Recife, a do interior do Ceará e de Goiás. Em 1990, com o reconhecimento dos resultados do trabalho dos ACS, surgiu o Programa Nacional e Agentes Comunitários de Saúde. Conclui-se que, a origem dos ACS está relacionada aos movimentos de educação popular e, embora o seu perfil tenha mudado, mantém-se como educador em saúde.
Palavras-chave: Educação Popular; Agentes Comunitários de Saúde; Institucionalização; Educador em saúde.
Abstract
The article discusses, through a historical approach, the emergence of Community Health Agents (ACS) in Brazil, spanning from the 1960s to the 1990s. It considers the initial steps of grassroots organizations as experiences of popular education, leading to their institutionalization by the Ministry of Health. Through bibliographic research, it was observed that in the defined political context, popular sectors were strengthened, and local experiences in popular education and health education were valued. Within the institutional framework, three experiences were highlighted: those of Recife, the interior of Ceará, and Goiás. In 1990, with the recognition of the results of the ACS work, the National Program of Community Health Agents was launched. It is concluded that the origin of ACS is related to popular education movements and, although its profile has changed, it continues to function as a health educator.
Keywords: Popular Education; Community Health Agents; Institutionalization; Health educator.
Downloads
Referências
ALBUQUERQUE, P. C. A Educação Popular em Saúde no município de Recife-PE: em Busca da Integralidade, 2003, 193 f. Tese (doutorado interinstitucional de saúde pública de Pernambuco) Fundação Oswaldo Cruz.
ÁVILA, M. M. M. Origem e evolução do Programa Agentes Comunitários de Saúde no Ceará. Revista Brasileira de Promoção da Saúde, Fortaleza, 24(2): 159-168, abr./jun., 2011.
BETTO, Frei. O que é Comunidade eclesial de Base. 5ª edição. São Paulo, Brasiliense, 1985.
BOFF, L. E a Igreja se fez povo. Eclesiogênese: a Igreja que nasce da fé do povo. São Paulo, Círculo do Livro, 1986.
BORNSTEIN, V. J. O Agente Comunitário de Saúde na Mediação de Saberes. 2007, 231 f. Tese (doutorado em Saúde Pública). Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública. Disponível em: <https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/4483> Acesso em 14 de dezembro de 2023.
BRANDÃO, C. R. Cinquenta e um anos depois. In: STRECK, Danilo R, ESTEBAN, Maria Tereza (org.). Educação Popular lugar de construção social e coletiva. Petrópolis: Vozes, 2013.
BRANDÃO, C. R. A Educação Popular na área da saúde. In: VASCONCELOS, E. M; PRADO, E.V. (organizadores). A saúde nas palavras e nos gestos: reflexões da rede de educação popular em saúde. São Paulo, Mussite, 2017.
BRANT, V. C. Da resistência aos movimentos sociais: a emergência das classes populares em São Paulo. In: SINGER, P.; BRANT, V. C. (organizadores). São Paulo: o povo em movimento. Petrópolis, RJ. Editora Vozes e CEBRAP, 1982.
CAMARGO, C. P. F; SOUSA, B. M; PIERUCCI, A. F. O. Comunidades Eclesiais de base. In: In: SINGER, P.; BRANT, V. C. (organizadores). São Paulo: o povo em movimento. Petrópolis, RJ. Editora Vozes e CEBRAP, 1982.
CASTRO, Josué de. Homens e caranguejos. São Paulo, Editora brasiliense Soc. AN, 1967.
COSTA, D. Política (verbete) In: STRECK, Danilo R, REDIN, Euclides e ZITKOSKI, Jaime José (orgs.) Dicionário Paulo Freire. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.
FAVRETTO, A. Pastoral da saúde na paróquia. São Paulo, Loyola, 1994.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17ª ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987. Disponível em: https://cpers.com.br/wp-content/uploads/2019/10/Pedagogia-do-Oprimido-Paulo-Freire.pdf. Acesso em 24 de dezembro de 2023.
FREIRE, Paulo; SHOR, I. Medo e Ousadia: o cotidiano do professor, 1986. Disponível em: <http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/otp/livros/medo_ousadia.pdf>. Acesso em 12 de agosto de 2023.
GUARESCHI, Pedrinho. Empoderamento (Verbete). In: STRECK, Danilo R, REDIN, Euclides e ZITKOSKI, Jaime José (orgs.) Dicionário Paulo Freire. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.
HENFIL. Henfil na China: antes da coca-cola. Rio de Janeiro: Record, 1986
IPPH. Anais do 1º. Encontro Nacional de Experiências em Medicina Comunitária. Lins-SP: Instituto Paulista de Promoção Humana/ Editora Todos Irmãos; 1980
JACOBI, Pedro Roberto. Movimentos sociais: teoria e prática em questão. In: Uma revolução no cotidiano? Os novos movimentos sociais na América do Sul. São Paulo, Editora Brasiliense, 1987.
José Paranaguá; CASTRO, Janete Lima. Os sanitaristas de Jucás e o Agente de Saúde: Uma Entrevista com Antonio Carlile Holanda Lavor e Miria Campos Lavor. Natal: Una, 2016
LAVOR, I. C. Silenciadores de sinos. Fortaleza, 2018 (no prelo)
MATOS, Aécio Gomes de. Organização social de base: reflexões sobre significados e métodos. Ministério do desenvolvimento agrário, Editorial Abraré, 2003
MINAYO, M. C. de S.; D’ELIA, J. C.; SVITONE, E. O Programa Agentes de Saúde do Ceará: um estudo de caso. Fortaleza: UNICEF, set. 1990.
NEVES, Rita de Cassia. Mediações em distintos campos de articulação: Saúde Indígena no Nordeste: compreensões e perspectivas sobre mediação e dilemas da interculturalidade. In: TEIXEIRA. C. C; VALLE, C. G; NEVES, R. C. Saúde, mediações e mediadores. Brasília: ABA Publicações; Natal: EDUFRN,2017. Disponível em: <http://www.aba.abant.org.br/files/140_00196809.pdf> Acesso em 10 de novembro de 2023.
PALUDO, C. Educação Popular (verbete) In: STRECK, Danilo R, REDIN, Euclides e ZITKOSKI, Jaime José (orgs.) Dicionário Paulo Freire. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.
QUEIRÓS, A. A. L. A institucionalização do trabalho dos Agentes Comunitários de saúde em Recife. 2008. 153 f. Dissertação (mestrado em saúde coletiva) Universidade Federal de Pernambuco.
SÁ JÚNIOR, L. S. M. Diretrizes para a política de saúde de um governo popular e democrático.
Cadernos de Saúde Pública, Vol. 3, jul/set, 1987. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/csp/a/T4McxTPP87sYzLgCLszsXBR/?lang=pt#> Acesso em 05 de novembro de 2023.
SOUSA, Maria de Fátima de. Agentes Comunitários de Saúde: choque de povo! São Paulo: Hucitec, 2001.
SOUZA, Herbert. Como se faz análise de conjuntura. 27 ed. Petrópolis, Vozes, 1984.
SINGER, P. Movimentos de Bairro. In: SINGER, P.; BRANT, V. C. (orgs). São Paulo: o povo em movimento. Petrópolis, RJ. Editora Vozes e CEBRAP, 1982.
TENDLER, J. Bom governo nos trópicos: uma visão crítica. Tradução de Maria Cristina Cupertino. Rio de Janeiro: Editora Revan, Brasília: DF: ENAP, 1998. (Tradução de: Good government in the tropics).
VASCONCELOS, E. M. Participação popular e educação nos primórdios da saúde pública brasileira. In: VASCONCELOS, E. M. (Org.). A saúde nas palavras e nos gestos: reflexões da Rede de Educação Popular nos Serviços de Saúde. São Paulo: Hucitec, 2017
VASCONCELOS, Eymard Mourão. Educação Popular em saúde: de uma prática subversiva a uma estratégia de gestão participativa das políticas de saúde. In: STRECK, Danilo R, ESTEBAN, Maria Tereza (orgs.). Educação Popular: lugar de construção social e coletiva. Petrópolis: Vozes, 2013
VIEIRA-MEYER, A. P. F. G. Entrevista: Dr. Carlile. Revista Trab. Educ. Saúde, Rio de Janeiro, v. 13, supl.
WERNER, David. Onde não há médico. São Paulo: paulinas, 1984.
Downloads
Publicado
- Visualizações do Artigo 4
- pdf downloads: 3