A gente não é. A gente vai [estamos] sendo

Nosotros no somos. Nosotros vamos [estamos] siendo

Autores

Palavras-chave:

Cuir, Identidade, Difrações

Resumo

O presente texto propõe-se, com base em um exercício difrativo iniciado na construção da tese da pessoa autora, a pensar a respeito de categorias metafísicas fixadas, tais qual a identidade. Para tanto, numa escrita que se origina da escrevivência, da confluência e de uma catarse textual, pensamentos são expostos e compartilhados a fim de provocar incômodos naquelies que o leem, tomando por base a escrita Travesti: una teoría lo suficientemente buena, da pedagoga, psicóloga e travesti argentina Marlene Wayar (2021, p. 25, grifo da autora), que afirma: “[n]ão sou homem, não sou mulher, hoje vou sendo travesti”. A tal afirmativa, unem-se outras difrações de pesquisa, tensionadas pela leitura dos movimentos afetopolíticos de localização cuir, tornando-se possível, ao final, pensarmos: “A gente não é. A gente vai [estamos] sendo”.

Palavras-chave: Cuir; Identidade; Difrações.

 

Resumen

Este texto propone, a partir de un ejercicio difractivo iniciado en la construcción de la tesis de la persona autora, pensar en torno a categorías metafísicas fijas, como la identidad. Para ello, en una escrito que nace de la escrevivência, la confluencia y una catarsis textual, se exponen y comparten pensamientos con el fin de causar malestar en quien lo lee, a partir del escrito de la pedagoga, psicóloga y travesti argentina, Marlene Wayar, Travesti: una teoría suficientemente buena, donde la autora afirma: “[n]o soy hombre, no soy mujer, hoy voy siendo travesti” (2021, p. 25). A esta afirmación se suman otras difracciones de investigación, tensionadas por la lectura de los movimientos afectopolíticos de localización cuir, permitiendo, al final, pensar que: “Nosotros no somos. Nosotros vamos [estamos] siendo".

Palabras clave: Cuir; Identidad; Difracciones.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Will Paranhos, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

 é uma corpa não-binária, defiça e macumbeira, filhe de Oxalufã e Iansã, protegide por Oxóssi e Xangô, tem Exú como grande guia. Militante dos Direitos Humanos, pai da Maya, estrela que hoje ilumina sua caminhada, da Luci e da Bethânia. Doutorande no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), na linha de pesquisa Currículo: sujeitos, conhecimento e cultura, com bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Mestrie em Engenharia e Gestão do Conhecimento (aprovade com Louvor) pelo PPGEGC da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Professore em cursos de pós-graduação, nível lato sensu, na Universidade Positivo, no Centro Universitário UniBrasil e no Instituto Paulista de Sexualidade (InPaSex). Atualmente é técnique pesquisadore em ciências da educação no Grupo de pesquisa EDUSEX - Formação de educadores e educação sexual (UDESC/CNPq) e pesquisadore estudante no Giros Curriculares: currículo, cultura e diferença (CNPq/UERJ). Possui quatro especializações, dentre as quais a em Gênero e Diversidade na Escola (UFSC). Membre da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisas em Educação (ANPEd) no GT de Currículo, onde também integra a Comissão de Diversidade, Acessibilidade e Ações Afirmativas (2024-2026). Consultore, palestrantie e (desin)formadore para instituições de ensino, organizações públicas, privadas e do terceiro setor. Possui experiência nas áreas de: currículo; estudos da diferença; processos de subjetivação e diferença; estudos subalternizados; estudos cuir/queer; gêneros e sexualidades; organizações e instituições de ensino saudáveis; formação docente; alfabetização e letramento. É autore de capítulos de livros e artigos em anais de eventos e periódicos nacionais e internacionais.

Email: williamroslindoparanhos@gmail.com  Orcid: https://orcid.org/0000-0003-4454-4272.                                              

 

Referências

Agência Câmara de Notícias. Comissão aprova projeto que proíbe o casamento entre pessoas do mesmo sexo. 2023a. Disponível em: https://www.camara.leg.br/noticias/1006272-comissao-aprova-projeto-que-proibe-o-casamento-entre-pessoas-do-mesmo-sexo/. Acesso em: 18 out. 2023.

Agência Câmara de Notícias. Projeto pune com prisão quem incentivar ou permitir mudança de sexo em crianças e adolescentes. 2023b. Disponível em: https://www.camara.leg.br/noticias/941111-PROJETO-PUNE-COM-PRISAO-QUEM-INCENTIVAR-OU-PERMITIR-MUDANCA-DE-SEXO-EM-CRIANCAS-E-ADOLESCENTES. Acesso em: 18 out. 2023.

Agência Câmara de Notícias. Projeto proíbe cirurgia de mudança de sexo em menores de 21 anos. 2023c. Disponível em: https://www.camara.leg.br/noticias/941218-projeto-proibe-cirurgia-de-mudanca-de-sexo-em-menores-de-21-anos/. Acesso em: 18 out. 2023.

Agência Câmara de Notícias. Comissão promove debate sobre orientações de tratamento para crianças e adolescentes trans. 2023d. Disponível em: https://www.camara.leg.br/noticias/973154-comissao-promove-debate-sobre-orientacoes-de-tratamento-para-criancas-e-adolescentes-trans/. Acesso em: 18 out. 2023.

AMOROZO, Marcos. CNN. Comissão da Câmara aprova projeto de lei que proíbe casamento homoafetivo. 2023. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/politica/comissao-da-camara-aprova-projeto-de-lei-que-proibe-casamento-homoafetivo/. Acesso em: 18 out. 2023.

ANDRADE, Luma Nogueira de. Travestis na escola: assujeitamento e resistência à ordem normativa. 2012. 279 f. Tese (Doutorado) – Curso de Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2012.

ANZALDÚA, Gloria. Borderlands/La frontera: the new mestiza. San Francisco/EUA: Aunt Lute Book, 2005.

BALL, Stephen J.; OLMEDO, Antonio. Care of the self, resistance and subjectivity under neoliberal governmentalities. Critical Studies in Education, v. 54, n. 1, p. 85-96, 2013.

BARAD, Karen. Meeting the universe halfway. Durham/UK: Duke University Press, 2007.

BENETTI, Fernando J. A bicha louca está fervendo: uma reflexão sobre a emergência da teoria queer no brasil (1980-2013). 2013. 175 f. TCC (Graduação) – Curso de História, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2013.

BHABHA, Homi. O local da cultura. Belo Horizonte/MG: UFMG, 2001.

BISPO, Antônio. Colonização, quilombos: modos e significados. Brasília/DF: INCTI/CNPq/UnB, 2015.

BISPO, Antônio. Mesa: Confluências e escrevivências, muito mais do que rimas. In: Festa Literária das Periferias (FLUP), 15 out. 2023, Rio de Janeiro/RJ. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=K2bG76vfwbQ. Acesso em: 20 out. 2023.

BRITO, Marcelo Sousa. O lugar que há em nós ou o corpo-lugar que somos nós. ILINX-Revista do LUME, n. 12, p. 12-22, 2017.

COUTO JUNIOR, Dilton Ribeiro; POCAHY, Fernando Altair. Dissidências epistemológicas à brasileira: uma cartografia das teorizações queer na pesquisa em educação. Revista Inter Ação, [S.L.], v. 42, n. 3, p. 608-630, 2017. DOI: http://dx.doi.org/10.5216/ia.v42i3.48905.

DERRIDA, Jacques. Margens da filosofia. Campinas/SP: Papirus, 2001.

EVARISTO, Conceição. Da grafiadesenho de minha mãe, um dos lugares de nascimento de minha escrita. In: Alexandre, Marcos A. (org.). Representações performáticas brasileiras: teorias, práticas e suas interfaces. Belo Horizonte/MG: Mazza Edições, 2007. p. 16-21.

EVARISTO, Conceição. Mesa: Confluências e escrevivências, muito mais do que rimas. In: Festa Literária das Periferias (FLUP), 15 out. 2023, Rio de Janeiro/RJ. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=K2bG76vfwbQ. Acesso em: 20 out. 2023.

FERRERA-BALANQUET, Raúl M. Navegar rutas eróticas decoloniales rumbo a relatos ancestrales karibeños. In: FERRERA-BALANQUET, Raúl M. et al. (orgs.). Andar erótico decolonial. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Del Signo, 2015. p. 39-72.

FIGUEIREDO, Angela. Carta de uma ex-mulata à Judith Butler. Revista Periódicus, [S. l.], v. 1, n. 3, p. 152-169, 2015. DOI: 10.9771/peri.v1i3.14261.

FOUCAULT, Michel. A hermenêutica do sujeito. São Paulo/SP: WMF Martins Fontes, 2010.

HADDOCK-LOBO, Rafael. Os fantasmas da colônia: notas de desconstrução e filosofia popular brasileira. Rio de Janeiro/RJ: Ape’Ku, 2020.

HAESBAERT, Rogério. Território e multiterritorialidade: um debate. GEOgraphia, v. 9, n. 17, p. 19-45, 2007.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Tradução: Tomaz Tadeu da Silva, Guacira Lopes Louro. 11. ed. Rio de Janeiro/RJ: DP&A, 2006. (arquivo enviado anexo)

KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo/SP: Companhia das Letras, 2020.

LAPOLLI, Édis Mafra; PARANHOS, William Roslindo; WILLERDING, Inara Antunes Vieira. Diversidades: o bê-a-bá para a compreensão das diferenças. Florianópolis/SC: Editora Pandion, 2022.

LAURETIS, Teresa de. Teoria queer, 20 anos depois: identidade, sexualidade e política. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de. Pensamento feminista: conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019. p. 397-410.

LOURO, Guacira Lopes. Teoria queer: uma política pós-identitária para a educação. Revista Estudos Feministas, v. 9, p. 541-553, 2001.

MARTINS, Leda Maria. Performances do tempo espiralar: poéticas do corpo-tela. Rio de Janeiro/RJ: Editora Cobogó, 2021.

MISKOLCI, Richard. Teoria queer: um aprendizado pelas diferenças. Belo Horizonte/MG: Autêntica Editora: UFOP – Universidade Federal de Ouro Preto, 2012.

MOGROVEJO, Norma. O queer, as mulheres e as lésbicas na academia e no ativismo em Abya Yala. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de. Pensamento feminista hoje: sexualidades no Sul global. Rio de Janeiro/RJ: Bazar do Tempo, 2020. p. 33-58.

MOTT, Luiz. Raízes históricas da homossexualidade no Atlântico lusófono negro. Afro-Ásia, n. 33, p. 9-33, 2005.

MUTHIEN, Bernedette. Queerizando as fronteiras: uma perspectiva africana ativista. In: REA, Caterina; PARADIS, Clarisse G.; AMANCIO, Izzie M. S. Traduzindo a África queer. Salvador/BA: Editora Devires, 2018. p. 91-100.

OLIVEIRA, Megg Rayara Gomes de. Nem ao centro, nem à margem! Corpos que escapam às normas de raça e de gênero. Salvador/BA: Editora Devires, 2020.

PEREIRA, Pedro Paulo Gomes. Queer decolonial: quando as teorias viajam. Contemporânea-Revista de Sociologia da UFSCar, v. 5, n. 2, p. 411-437, 2015.

PINTO, Marcia de B. Linguagem, identidade e variação linguística em Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna. RECIMA21-Revista Científica Multidisciplinar-ISSN 2675-6218, v. 2, n. 10, p. e210686-e210686, 2021.

RUFINO, Luiz. Pedagogia das encruzilhadas. Rio de Janeiro/RJ: Mórula Editorial, 2019.

SILVA, Tomaz T. Documentos de identidade. Belo Horizonte/MG: Autêntica, 2001.

VALENCIA, Sayak. Del queer al cuir: ostranénie geopolítica y epistémica desde el Sur g-local. In: LANUZA, Fernando R.; CARRASCO, Raúl M. (org.). Queer & cuir: políticas de lo irreal. Cidade do México/MX: Editoral Fontamara, 2015. p. 19-37.

WAYAR, Marlene. Travesti: una teoría lo suficientemente buena. Ciudad Autónoma de Buenos Aires/AR: Muchas Nuances, 2021.

Downloads

Publicado

23/09/2024
Métricas
  • Visualizações do Artigo 73
  • pdf downloads: 39

Como Citar

PARANHOS, W. A gente não é. A gente vai [estamos] sendo: Nosotros no somos. Nosotros vamos [estamos] siendo . Revista Cocar, [S. l.], v. 21, n. 39, 2024. Disponível em: http://177.70.35.171/index.php/cocar/article/view/7824. Acesso em: 22 nov. 2024.