Saberes do Cotidiano da Criança Ribeirinha
Resumo
As águas do rio concentram um enorme universo de significados, de lendas, de crenças e de seres sobrenaturais, e é entre o rio e a floresta, que o imaginário devaneante do caboclo ribeirinho se alimenta. É nesse meio que homens mulheres e crianças vivem uma relação de cumplicidade com o rio e a mata. Nesse contexto, este artigo resulta de um estudo sobre o imaginário e a ludicidade de crianças ribeirinhas, das comunidades de Castanhal do Mari-Mari e Caruaru, localizadas na Ilha do Mosqueiro, estado do Pará, e teve por objetivo analisar os saberes que emergem e são vivenciados pela criança ribeirinha a partir da sua relação com a natureza, ou seja, com seu meio circundante. A contribuição dessa pesquisa está centrada no desafio de aprender a olhar o saber da criança sobre a natureza com um novo olhar, o olhar do imaginário e da ludicidade. O olhar da complementaridade, considerando que a criança pode brincar com as brincadeiras ocidentais, sem desprezar, no entanto os brinquedos naturais, norteando uma outra construção de subjetividade, fazendo entender que ela e natureza não se separam.
Palavras-chave: Criança Ribeirinha. Imaginá-rio. Ludicidade. Cultura. Natureza.
Riverine child’s everyday knowledge
The river waters concentrate a huge universe of meanings, legends, beliefs and supernatural beings, and it is between the river and the forest that the fantastic imaginary of the riverine caboclo is nourished. It is in this environment that men, women and children experience a complicity relationship with the river and the forest. In this context, this article results from a study on the imaginary and games of riverine children from the Castanhal do Mari-Mari and Caruaru communities, located in Mosqueiro island, on Pará, and it aimed to analyze the knowledge that emerges from and is experienced by riverine children considering their relation with nature, that is, with their surroundings. The contribution of this research is centered in the challenge of learning to look at a child’s knowledge on nature with a new perspective, the imaginary and playfulness perspective. The look of complementariness that considers that children can play with western games without, however, despising their natural toys, giving way to the construction of another subjectivity, leading to the understanding that they are not separated from nature.
Keywords: Riverine Child; Imaginary; Play; Culture; Nature.
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