A atuação docente sob as influências de projetos neoconservadores: entre silenciamentos estratégicos e outras resistências

La actuación docente bajo la influencia de proyectos neoconservadores: entre silenciamientos estratégicos y otras resistências

Autores

Palavras-chave:

Neoconservadorismo, Educação escolar, Resistências

Resumo

O artigo tem por objetivo caracterizar algumas influências dos projetos neoconservadores dirigidos à atuação docente na educação básica. Trata-se de pesquisa quanti-qualitativa realizada por meio de questionário aplicado a 77 professores que atuam na rede pública estadual de ensino de Santa Catarina/Brasil.  Os resultados apontam que os docentes reconhecem a influência, ainda que difusa, dos movimentos neoconservadores em sua atuação e que há alguns temas como política, gênero, sexualidade e religião que têm sido alvo desses movimentos. A pesquisa concluiu que os docentes resistem de diferentes modos, seja através de silenciamento estratégico ou seguindo seu trabalho com temáticas consideradas alvo por projetos neoconservadores, tendo maior ou menor receio de serem coagidos ou expostos. Também indicam que aproximadamente metade dos docentes participantes já pensaram em desistir da profissão, mas que continuam nas lutas sindicais.

Palavras-chave: Movimentos neoconservadores; Perseguições; Silenciamentos.

 

Resumen

El artículo tiene por objetivo caracterizar algunas influencias de los proyectos neoconservadores dirigidos a la actuación docente en la educación básica. Se trata de investigación cuantitativa realizada por medio de cuestionario aplicado a 77 profesores que actúan en la red pública estadual de enseñanza de Santa Catarina/Brasil.  Los resultados señalan que los docentes reconocen la influencia, aunque difusa, de los movimientos neoconservadores en su actuación y que hay algunos temas como política, género, sexualidad y religión que han sido blanco de esos movimientos. La investigación concluyó que los docentes resisten de diferentes modos, sea a través de silenciamiento estratégico o siguiendo su trabajo con temáticas consideradas como blanco por proyectos neoconservadores, teniendo mayor o menor temor de ser coaccionados o expuestos. También indican que aproximadamente la mitad de los docentes participantes ya pensaron en desistir de la profesión, pero que continúan en las luchas sindicales.

Palabras Clave: Movimientos neoconservadores; Persecuciones; Silenciamientos.


Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Letícia Maria Rebelatto, UNOCHAPECÓ

Mestre em Educação pela Universidade Comunitária da Região de Chapecó - Unochapecó. É professora da rede estadual de educação do governo de Santa Catarina e membro do grupo de pesquisa “Formação de professores, Currículo e Práticas Pedagógicas”, atuando no seguintes temas: formação de professores, políticas educacionais e currículo. Email: letimaria@unochapeco.edu.br Orcid: https://orcid.org/0009-0002-0891-5099

Marilandi Maria Mascarello Vieira, Unochapecó

Pós-doutora em Ciências da Educação, na especialidade Sociologia da educação e Política Educativa na Universidade do Minho - PT. Doutora em Educação nas Ciências pela Unijui, Mestre em Educação pela Universidade de Passo Fundo (UPF). É professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Unochapecó e membro do grupo de pesquisa “Formação de professores, Currículo e Práticas Pedagógicas”, atuando no seguintes temas: formação de professores, políticas educacionais e currículo. Email: marilandiv@gmail.com Orcid: https://orcid.org/0000-0002-5531-9946

Diego Orgel Dal Bosco Almeida, Unochapecó

Pós-doutor em Educação pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), doutor em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Mestre em História pela Universidade de Passo Fundo (UPF). É professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da Unochapecó e líder do grupo de pesquisa “Formação de professores, Currículo e Práticas Pedagógicas”, atuando nos seguintes temas: acervos e arquivos escolares, cultura escolar, histórias e memórias da Educação no Brasil, História Regional da Educação, ensino de História. Email: diegodalbosco@unochapeco.edu.br . Orcid: https://orcid.org/0000-0001-5715-3591

 

Referências

ALGEBAILE, E. O Escola sem Partido como chave de leitura do fenômeno

educacional. In: FRIGOTTO, G. (org.). Escola “sem” partido: esfinge que ameaça a

educação e a sociedade brasileira. Rio de Janeiro: UERJ, LPP, 2017.

APPLE, M. W. CMD 2022 - Palestra: Democratic Education (Educação

Democrática), 28 out. 2022. Disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=1DKz07sQFLs. Acesso em: out. 2022.

APPLE, M. W. Educando à direita: mercados, padrões, Deus e desigualdade. São

Paulo: Cortez, Instituto Paulo Freire, 2003.

ALVES, M. F. Mesa temática 1: Militarização das escolas: implicações para a

educação básica. 18 out. 2022. Disponível em:

https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=g5bUZkhMJ_0&noapp=. Acesso em:

out. 2022.

BÁRBARA, I. S. M. S.; CUNHA, F. L.; BICALHO, P. P. G. Escola sem Partido:

visibilizando racionalidades, analisando governamentalidades. In: FRIGOTTO, G.

(org.). Escola “sem” partido: esfinge que ameaça a educação e a sociedade

brasileira. Rio de Janeiro: UERJ, LPP, 2017.

BARROCO, M. S. Não passarão! Ofensiva neoconservadora e serviço social. Serviço

Social & Sociedade, São Paulo, n. 124, p. 623-636, out./dez. 2015.

CABRERA, C. G. “Tenho medo, esse era o objetivo deles” esforços para proibir a

educação sobre gênero e sexualidade no brasil. Human Rights Watch. Disponível em:

https://www.hrw.org/pt/report/2022/05/12/381942. Acesso em: 18 mar. 2023.

CASTRO, M. R. Conservadorismo e irracionalismo: Bolsonaro enquanto reação do

capital a sua crise estrutural. Trabalho & educação, v. 30, n. 4, p.33-49. 2021.

Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/trabedu/article/view/32566. Acesso

em: 9 mar. 2022.

CECCHETTI, E.; TEDESCO, A. L. Educação Básica em “xeque”: Homeschooling e

fundamentalismo religioso em tempos de neoconservadorismo. Práxis Educativa,

Ponta Grossa, v. 15, e2014816, p. 1-17, 2020. Disponível em:

https://www.redalyc.org/jatsRepo/894/89462860027/89462860027.pdf. Acesso em: 11

de dez. de 2021.

COLOMBO, L. R. A frente liberalultraconservadora no Brasil – Reflexões sobre e

para além do “movimento” Escola Sem Partido. Dissertação - Programa de Pós-

graduação em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares,

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Nova Iguaçu, RJ, 2018.

CORSETTI, B. Neoconservadorismo e Políticas Educacionais no Brasil. Educação

Unisinos. V. 23, n. 4, p. 774-784, out.dez. 2019. Disponível em:

https://revistas.unisinos.br/index.php/educacao/article/view/edu.2019.234.11/60747441

Acesso em: 10 fev. 2024.

DANTAS, J. S. A ofensiva das frações de classe bolsonaristas no desmonte da

educação básica pública: escola sem partido, escolas cívico-militares, homeschooling e

o ‘agro’ de olho no material escolar. Alemur, v. 7, n. 2, p. 31-47, 2022.

ESPINOSA, B. R. S.; QUEIROZ, F. B. Campanuci. Breve análise sobre as redes do

Escola sem Partido. In: FRIGOTTO, Gaudêncio (org.). Escola “sem” partido: esfinge

que ameaça a educação e a sociedade Brasileira. Rio de Janeiro: UERJ, LPP, 2017.

GONZALEZ, J. A.; COSTA, M. C. C. Neoliberalismo, neoconservadorismo e educação:

o movimento “Escola sem Partido” para além do projeto de lei. Quaestio - Revista de

Estudos em Educação, v. 20, n. 3, 2018. DOI: 10.22483/2177-5796.2018v20n3p551-

HENRIQUES, A. E. L. Educação, conservadorismos e religião: mapeamento e

análise do avanço neoconservador na educação brasileira. Tese (doutorado).

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Educação, 2021.

Disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/54439/54439.PDF. Acesso em: 11

dez. 2021.

KNECHTEL, M. R. Metodologia da pesquisa em educação: uma abordagem teórico-

prática dialogada. Curitiba: Intersaberes, 2014.

LIMA, I. G.; HYPOLITO, Á. M. A expansão do neoconservadorismo na educação

brasileira. Educação e Pesquisa, v .45. São Paulo, 2019. Disponível em:

https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1517-

&script=sci_arttext&tlng=p. Acesso em: 11 dez. 2021.

MARCON, T.; DOURADO, I. P.; BORDIGNON, L. S. A escola como espaço

socializador: uma crítica aos limites do homeschooling. Revista Espaço Pedagógico,

v. 29, n. 3, p. 793-816, 2022.

MIGUEL, L. F. Da “doutrinação marxista” à “ideologia de gênero”: Escola Sem Partido

e as leis da mordaça no parlamento brasileiro. Direito & Práxis, Rio de Janeiro, v. 7, n.

, p. 590-621, 2006. Disponível em:

https://www.epublicacoes.uerj.br/revistaceaju/article/view/25163 Acesso em: 10 fev.

MOLINA, R. S. Educação sem partido: golpes de estado e governos militarizados

(1964 e 2016). Revista Eletrônica de Educação, v.16, p. 1-22, e4719001, jan./dez.

ORLANDI, E. P. As formas do silêncio: no movimento dos sentidos. 6.ed. São Paulo:

Contexto, 2013.

PENNA, F. A. Sobre o ódio ao professor: Entrevista com Fernando Penna.

Movimento- Revista de educação, n. 3, p. 294-301, 29. jan. 2016.

PENNA, F. A. O Escola sem Partido como chave de leitura do fenômeno educacional.

In: FRIGOTTO, G. (org.). Escola “sem” partido: esfinge que ameaça a educação e a

sociedade brasileira. Rio de Janeiro: UERJ, LPP, 2017.

PENNA, F. A. O discurso reacionário de defesa do projeto “Escola sem Partido”:

analisando o caráter antipolítico e antidemocrático. Quaestio, Sorocaba, SP, v. 20, n.

, p. 567-581, 2018.

SANTOS, C. A. Mesa temática 1: Militarização das escolas: implicações para a

educação básica. 18 out. 2022. Disponíve:

https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=g5bUZkhMJ_0&noapp=. Acesso em:

out. 2022.

SEPÚLVEDA, J. A.; SEPÚLVEDA, D. Conservadorismo e seus impactos no currículo

escolar. Currículo sem Fronteiras, v. 19, n. 3, p. 868-892. 2019. Disponível em:

https://www.curriculosemfronteiras.org/vol19iss3articles/sepulveda-sepulveda.pdf.

Acesso em: 11 dez. 2021.

VASCONCELOS, C. R. D.; ARAÚJO, J. A. Q. C.; LEAL, I. O. J. A visão de professores

sobre o projeto escola sem partido: conceitos, tensões e práticas. Revista da

FAEEBA: Educação e Contemporaneidade. v.29, n.58, p.250-269, 2020. Disponível

em: http://educa.fcc.org.br/scielo.php?pid=S0104-

&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 20 jun. 2023.

VASCONCELOS, M. C. C; BOTO, C. A educação domiciliar como alternativa a ser

interrogada: problema e propostas. Práxis Educativa, Ponta Grossa, v. 15, e2014654,

p. 1-21, 2020. Disponível em:

https://www.redalyc.org/jatsRepo/894/89462860023/89462860023.pdf. Acesso em: 11

dez. 2021.

YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 5. ed. Porto Alegre: Bookman,

ZITKOSKI, J. J.; DA ROSA, N. C. Direito à Educação no Brasil: análise sobre a

proposta da educação domiciliar. Revista Espaço Pedagógico, v. 29, n. 3, p. 769-792,

Downloads

Publicado

05/07/2024
Métricas
  • Visualizações do Artigo 39
  • pdf downloads: 48

Como Citar

REBELATTO, L. M.; MASCARELLO VIEIRA, M. M.; ORGEL DAL BOSCO ALMEIDA, D. A atuação docente sob as influências de projetos neoconservadores: entre silenciamentos estratégicos e outras resistências: La actuación docente bajo la influencia de proyectos neoconservadores: entre silenciamientos estratégicos y otras resistências. Revista Cocar, [S. l.], v. 20, n. 38, 2024. Disponível em: http://177.70.35.171/index.php/cocar/article/view/8169. Acesso em: 20 set. 2024.