A simbologia do olhar n’os Contos amazônicos de Inglês de Sousa

Autores

  • Dinalva Correa correadinalva@gmail.com
    UEPA
  • Denise Simões Rodrigues dssr@uol.com.br
    UEPA

Resumo

A cultura amazônica está imersa em um ambiente onde predominam as narrativas orais, os saberes, as mitopoéticas, o imaginário, que, de certa forma, o difere das demais regiões fazendo com que possua características peculiares e significativas. Reunidas em nove narrativas, a obra Contos Amazônicos (1893), de Inglês de Sousa, evidencia alguns símbolos dessa cultura: o rio, a cheia, a feiticeira, o acauã, o barco, a fauna, a flora e o olhar do povo da Amazônia; e ainda os elementos propriamente literários – o enredo, os personagens, o narrador, tempo, espaço, que expressam os sinais, os quais os cabocos e o meio mantém uma inter-relação marcada por valores, crendices, interditos, mitos e dilemas. Neste trabalho, objetivamos discutir a simbologia do olhar presentes em três contos do escritor paraense: Acauã, A Feiticeira e Amor de Maria. A escolha se dá pelo fato de o olhar está presente com mais intensidade nessas narrativas, como também pelo fato de os dois primeiros pertencerem à categoria do Fantástico, proposta por Todorov e o segundo ao gênero estranho. No conto Acauã, temos um olhar demoníaco e de violação sexual entre Aninha e Vitória. Em A feiticeira, o embate de olhares se dá entre a feiticeira, Maria Mucuim, dona de um olhar sinistro que parecia querer transpassar o coração de Antônio de Sousa e, por fim, em Amor de Maria, cuja beleza de Mariquinha encantava todos os homens de Vila Bela quando olhavam para a formosa moça. A abordagem da pesquisa é qualitativa do tipo bibliográfica, cujo embasamento teórico fundamenta-se nos seguintes autores: Paes Loureiro (1995), Chevalier e Gheerbrant (2002); Paulo Maués Corrêa (2004; 2005), Maria Trindade (2016), entre outros. Conclui-se que, na Amazônia, a valorização cultural do olhar revela um instrumento de estreita relação entre o interior e o exterior. A simbologia do olhar é uma forma mais diretamente da alma expressar sua vontade. Através do olhar se seduz, se fascina, se fere, se mata, fulmina, penetra, tornando o invisível visível.

Biografia do Autor

Denise Simões Rodrigues, UEPA

Denise de S. Simões Rodrigues concluiu o Doutorado em Sociologia na Universidade Federal do Ceará, defendendo em 2001 a tese Revolução Cabana e Construção da Identidade Amazônida. Foi Professora Adjunta da Universidade Federal do Pará e atualmente é Professora Titular de Sociologia da Universidade do Estado do Pará. Tem ampla experiência na área de ensino de graduação e pós-graduação, ministrando disciplinas sociológicas e orientando alunos de graduação e pós-graduação. Participou como membro em projetos de pesquisa na área de cultura educação popular entre 2004-2006; sobre memória e cidade entre 2008-2010. Atualmente coordena projeto voltado para a análise das relações entre a sociedade e a história da educação na Amazônia, com ênfase na segunda metade do século XX e pesquisa também as interfaces entre a Literatura e a Sociologia no processo de elaboração identitária na Amazônia. É membro do Núcleo de Educação Popular Paulo Freire do CCSE/UEPA, e professora associada da ANPED e a SBHE. Lidera o grupo de pesquisa Sociedade, Ciência e Ideologia do CCSE/UEPA, onde se articulam vários projetos de pesquisa e extensão. Seus trabalhos atuais em Sociologia enfatizam a Amazônia em especial nas áreas da cultura e educação, do imaginário e da política, com um recorte teórico demarcado pelas concepções de Cornelius Castoriadis e Paulo Freire.

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Publicado

20/05/2021
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