Umarizal da Umbanda, das Mulheres Negras e seus ofícios (Amazônia, Belém Pará, Meados do XX)
Palavras-chave:
Mulheres Negras, Umarizal, Memórias,Resumo
Este artigo analisa a presença de mulheres negras no bairro do Umarizal dos meados do XX em Belém-Pará, relacionando-as ao trabalho, à negritude, às práticas umbandistas, a sua visibilidade na sobrevivência e no comando do lar. Adotamos a metodologia da história oral segundo cânones apreendidos em Thompson (1992), Freitas (2002), Meihy (2005) e Portelli (1997). As lembranças de pessoas que sempre moraram no bairro do Umarizal e nele viveram nos meados do XX fiam as teias das memórias que permitem perceber a vida diária, cotidiano e esfera privada de mulheres comuns. A topologia local favorecia a diferenciação social, pois nas áreas altas do bairro viviam as famílias com maior poder aquisitivo e status, já nas partes baixas moravam as famílias e pessoas mais pobres, entre enchentes, matagais, valas, vacarias e escuridão. As mulheres negras do Umarizal moravam nas partes baixas, tinham visibilidade, status e dons particulares na classe social onde se inseriam: a mais baixa. Silenciadas pela historiografia, praticavam ofícios que lhes ensejavam autonomia pelo trabalho e na esfera do privado como chefes de família. A umbanda, religião de ancestralidade negra, logrou-lhes espaço de poder feminino, reconhecimento e sociabilidade na comunidade onde viviam e atuavam, questionando-se assim a historiografia oficial que além de ignorá-las em seus protagonismos, reduz as mulheres negras ao papel de meras herdeiras e vítimas do sistema colonial que as escravizou por séculos no Brasil.
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